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-- Tem medo da morte?
Se pensasse nisso o tempo todo — se mantivesse acordada, da manhã à noite, a ideia de que a vida irá inexoravelmente chegar ao fim —, seria aterrador, um verdadeiro pesadelo. Por isso continuo a fazer planos para daqui a dois anos, como encontrar-me com alguém ou fazer uma viagem, ou escrever um livro. E posso até não estar vivo nessa altura. Pensamo-nos como imortais. A exceção é sofrermos de uma doença incurável: se um médico nos disser que nos restam seis semanas, não há como não o ver. Mas, em geral, afastamos essa presença, mesmo sabendo que não viveremos para sempre.
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Todas as religiões do mundo são, essencialmente, crenças que negam a morte. Algumas reivindicam que vamos para o céu, ou que os corpos se levantarão do chão quando Gabriel ou Josué tocarem a trombeta, ou que iremos reencarnar de alguma forma, como defendem as religiões orientais. Todas constituem tentativas de dizer que a morte não é algo de definitivo, mas uma transição para outra coisa. Porém, mesmo que acreditemos, a ideia da morte influencia-nos a um nível subconsciente.
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