29 de janeiro de 2024

À PROCURA DO CANDIDATO IDÓNEO

 



A hesitação do Presidente da República chegou ao fim. Assim que, constitucionalmente, lhe for possível, Marcelo Rebelo de Sousa vai dissolver o parlamento regional da Madeira, convocando eleições regionais. É mais um parlamento a cair, na sequência de um processo judicial. Com isto, este ano, teremos - até ver… - quatro atos eleitorais: Regionais nos Açores; Legislativas; Europeias e, algures por aí, Regionais na Madeira.


Talvez o melhor conselho que se possa dar aos futuros candidatos,  seja o que o escritor Mark Twain foi escrevendo numa série de crónicas (satíricas, convém sublinhar, num tempo em que interpretação dos textos não consegue ir além da literalidade) em vários jornais do estado de de Nova Iorque (1867-1887), as quais foram reunidas em livro: “Um Candidato Idóneo” (Antígona).


Para não se deixar “ferir por investigações ao seu passado”, o melhor, aconselhou Twain, é que se saiba logo “o pior acerca de um candidato”. Assim, continuou, “todas as tentativas de o surpreender serão derrotadas”. O mais avisado é confessar todas as “maldades”. O próprio deu esse passo: “O boato de que eu teria enterrado uma tia debaixo da minha videira é autêntico. A vinha precisava de adubo, a tia precisava de ser enterrada, e eu consagrei-a a este nobre propósito”.


Luís Montenegro bem poderia retirar algum ensinamento desta estratégia e arrumar o assunto da casa demolida, reconstruída, renovada, com ou sem faturas… tudo dependerá da perspetiva estética de cada um. Na Madeira, qualquer que seja o sucessor de Miguel Albuquerque, também deveria acontecer o mesmo: confessar, à partida, todas as ligações com empresários locais, não vá a Polícia Judiciária começar a investigar e até provocar o acordar do sono profundo do ex-Procurador Geral, Cunha Rodrigues.


Com tantos ex-ministros nas listas de deputados, Pedro Nuno Santos só ganharia em promover uma teria de grupo pública, de forma a que, cada um, expusesse o que andou a fazer no Verão passado. Convém contar tudo agora e não depois de tomar posse, como o Carla Alves e o visionário do pavilhão transfronteiriço de Caminha, Miguel Alves.

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Carlos Rodrigues Lima 

Visão do Dia 

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