8 de novembro de 2023

Daniel Oliveira opina

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Na noite em que José Sócrates foi detido lembro-me de ter dito, quase em direto, que seria um teste ao nosso sistema de justiça. Quando o risco de prescrição se abate, quase uma década depois, sobre os crimes em julgamento, podemos dizer que chumbou esmagadoramente. Este caso é mais grave do que de José Sócrates. Não estamos perante um ex-primeiro-ministro, mas um primeiro-ministro em exercício. Um primeiro-ministro que cai por um parágrafo vago de um comunicado da Procuradoria Geral da República. É importante perceber o precedente que se abre aqui. E se António Costa, que nem sequer é arguido, nunca for acusado? Como fica a justiça e a democracia?

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A exigência, antes de saltarmos para o próximo capítulo, é a de saber do que falamos. Quando uma investigação lança o país para uma crise política a transparência também se aplica ao sistema de justiça. Em democracia, ninguém está acima do escrutínio. Não está o governo, não está o Ministério Público. Que desbloqueie a informação, pelo menos a que permite perceber o grau de envolvimento do primeiro-ministro neste caso. Ontem já seria tarde.

Fonte: Expresso 

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