Opinião
Vivemos uma epidemia de solidão. É uma patologia que impacta significativamente a saúde, tanto física quanto mental. Provoca doenças cardiovasculares, acelera o declínio cognitivo e enfraquece o sistema imunológico.
As estatísticas e os estudos revelam que os portugueses – aos milhões – padecem de solidão. E os fatores adversos vão-se agudizando, passando de preocupantes a emergenciais, mergulhados nos aromas e sabores da nossa terra.
Um exemplo. As normais sociais em relação à parentalidade, principalmente na geração tradicionalista dos nossos pais, esquivavam-se à expressão do afeto e à veracidade de sentimentos, o que prejudicou a construção de conexões autênticas e significativas intergeracionais.
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Outro exemplo. O êxodo rural, a concentração industrial em poucas regiões e a centralização populacional junto ao oceano levou à degradação comunitária que era tão comum nas aldeias de Trás-os-Montes ao Alentejo.
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A cidadização dos portugueses, positiva em tantos aspetos, tem o lado reverso de contribuir para a epidemia de solidão.
Ajudaria se tivéssemos mais filhos para que as cifras domésticas pudessem ajudar velhos e novos a popularem os espaços vazios com meiguice e afinidade.
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A hiperdigitalização e a dependência dos jovens dos ecrãs leva a um isolamento social e dificulta a sua capacidade de desenvolvimento de habilidades sociais como a empatia, a linguagem corporal e a resolução de conflitos. Estamos a treinar as nossas crianças a não terem amigos.
E temos de estar preparados para a robotização da nossa vida profissional e diária, quer queiramos quer não.
Até 2040, poderá haver mais robôs humanoides do que seres humanos.
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Um amigo, por outro lado, é um investimento em bem-estar emocional que rende dividendos de felicidade a longo prazo. Em 2025, desejo-lhe amigos. Nada mais do que isso.