17 de setembro de 2024

Um homem na cidade (poesia)









Agarro a madrugada 

como se fosse uma criança 

uma roseira entrelaçada 

uma videira de esperança 


tal qual o corpo da cidade 

que manhã cedo ensaia a dança 

de quem por força da vontade 

de trabalhar nunca se cansa.


Vou pela rua desta lua 

que no meu Tejo acende o cio 

vou por Lisboa maré nua 

que se deságua no Rossio.


Eu sou um homem na cidade 

que manhã cedo acorda e canta 

e por amar a liberdade 

com a cidade se levanta.


Vou pela estrada deslumbrada 

da lua cheia de Lisboa 

até que a lua apaixonada 

cresça na vela da canoa.


Sou a gaivota que derrota 

todo o mau tempo no mar alto 

eu sou o homem que transporta 

a maré povo em sobressalto.

***

Ary dos Santos 



Sem comentários: