27 de novembro de 2024

É pela tarde (poesia)

 De: Reinaldo Ferreira 











 É pela tarde, quando a luz esmorece 

E as ruas lembram singulares colmeias, 

Que a alegria dos outros me entristece 

E aguço o faro para as dores alheias.


Um que, impaciente, para o lar regresse, 

As viaturas que se cruzam cheias 

Dos que fazem da vida uma quermesse,

 São para mim, faminto, odor de ceias.


Sentimento cruel de quem se afasta, 

Por orgulho repele, e se desgasta 

No esforço de fugir à multidão.


Mas castigo de quem, por imprudente, 

Já não pode deter-se na vertente 

Que vai da liberdade à solidão.


Reinaldo Ferreira 

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