este poema que é meu segredo
e das minhas mãos a pureza
agora o partilho a medo
numa asfixiante incerteza este poema
é meu espelho minha sombra escurecida
um sonho velho palavras trémulas...
mas com vida!
este poema é meu desejo e meu capricho,
a minha sede abrasadora
o privilégio de seguir vida fora
com o fulgor do sonho é o meu pulsar na palavra
faz parte de mim, voa no meu sangue
o sopro da minha voz
meu rio a chegar à foz
este poema é a harmonia do meu instante
é o meu mundo partilhado
o agasalho que me cobre
o meu fado!
este poema tem asas na minha mão
traz com ele a minha história
e sua efémera glória de tão vasta imperfeição
ouve-se nele o rumor da tempestade e da palavra
sente-se a inquietude é a minha bagagem da saudade.
***
Natalia Nuno
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