27 de novembro de 2024

Um poema

 Numa praia



Em cada corpo recomeça o mundo, 

mas onde então acaba este começo? 

Amor não sabe mais o que é profundo, 

vem da pele e respira só no verso.


Passamos a toalha pelo corpo, 

com o suor a enxugar a morte: 

há gotas de água fria no teu rosto, 

em ti meus dedos lêem sua sorte.


Um riso nos chamou, fulgor ou seta, 

e o dia se refez sem mais promessa. 

Nos meus dedos ficou a ferida aberta:

 só no teu corpo o mundo recomeça.


Luis Filipe Castro Mendes 

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