5 de novembro de 2024

Silêncio para guardar

Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim

a vida que não se troca por palavras.

Deram-mo para eu guardar dentro de mim

as vozes que só em mim são verdadeiras.


Deram-mo para eu guardar dentro de mim

a impossível palavra da verdade.


Deram-me o silêncio como uma palavra impossível,

nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível,

para eu guardar dentro de mim,

para eu ignorar dentro de mim

a única palavra sem disfarce –

a palavra que nunca se profere.


Adolfo Casais Monteiro

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