8 de abril de 2025

Recorte de Imprensa

 


É o chamado “banho de sangue”. Os mercados caem a seguir à “carnificina” das tarifas. Os termos são os dos massacres. Os investidores perdem milhares de milhões. Os bancos centrais estão assustados. Os gráficos mergulham nas profundezas. A Ásia do Pacífico, farol do século XXI, treme. A China retalia. O Japão, um país rico e ordenado, ou melhor, organizadamente rico, chama a isto uma “grave crise geral”. O Vietname, um país que tem crescido ao ritmo de 8 a 10%, pede a Trump que conceda um prazo para a aplicação da nova tarifa de quase 50%. O pânico cresce. Cresce na Ásia e cresce em Wall Street. Dispara nas bolsas mundiais.

Na Europa, como de costume, não há uma voz unívoca para responder às tarifas, uns querem retaliação e outros negociação e suavização. Macron, como de costume, finge que é o líder dos europeus perante o silêncio alemão. Von Leyen finge que manda, ignorada pelos americanos como interlocutora. O bluff europeu não é apenas o da Ucrânia uber alles. Passou a ser o da preponderância de um mercado de quase 500 milhões de consumidores. Um número que não detém ou assusta os americanos, que sabem que a Europa é um conjunto de países vassalos. Taxar as tecnológicas? A Europa pode levar com uma tarifa de 50% ou mais. E como pretende a Europa avançar no projeto tecnocrático e tecnológico se depende da supremacia tecnológica e dos serviços financeiros americanos?

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O que farão as massas desiludidas? Marcharão nas ruas ou ficarão em casa a planear o terrorismo verbal em rede e a fantasiar com os óculos da realidade virtual?

Historicamente, quando chega a fome chegam o protesto e a violência. E a esquerda brande as armas tradicionais, o coletivismo e o Estado generoso e protetor. E toma a Bastilha. Mas, um grande mas, a tecnologia pensa já no modo de neutralizar e anestesiar as massas. De reduzir o protesto. De o controlar. É provável que a tecnologia ganhe. É provável que a guerra, o estado de guerra constante, uma nova iteração do medo e da ignorância, seja utilizado como pretexto para a demolição do Estado com o consentimento das massas ignaras.

É provável que o passado não regresse e que as massas históricas da esquerda estejam num processo de extinção. As alterações económicas e sociais, as revoluções a que assistimos, são como as alterações climáticas. Conduzem à extinção das espécies.

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