1 de agosto de 2025

Gaza (recorte de Imprensa)

A desumanidade em Gaza obriga o Ocidente a agir. A história deveria obrigar os israelitas a fazer o mesmo



Passou um ano e nove meses desde o ataque do Hamas a Israel. Nesse dia foram cerca de 800 os israelitas que perderam a vida, tragicamente, de forma desumana.

Depois disso, eis o que aconteceu: 60 mil palestinianos mortos, entre os quais mais de 16 mil crianças, e 145 mil feridos. O Governo de Israel arrasou escolas, hospitais, cidades inteiras, desalojou 1,9 milhões de pessoas, deixou todos à fome em Gaza. Tudo isto era já evidente há meses, pelo menos, mas hoje gera alarme universal.

Depois da II Guerra Mundial, um jovem químico que tinha sido detido e deportado para Auschwitz escreveu um livro sobre aqueles dias que lá viveu. O livro começava com um poema, que se lia assim:


“Vós que viveis tranquilos

Nas vossas casas aquecidas,

Vós que encontrais regressando à noite

Comida quente e rostos amigos:

Considerai se isto é um homem

Quem trabalha na lama

Quem não conhece paz

Quem luta por meio pão

Quem morre por um sim ou por um não.

Considerai se isto é uma mulher;

Sem cabelos e sem nome

Sem mais força para recordar

Vazios os olhos e frio o regaço

Como uma rã no inverno.

Meditai que isto aconteceu:

Recomendo-vos estas palavras.

Esculpi-as no vosso coração

Estando em casa, andando pela rua,

Ao deitar-vos e ao levantar-vos;

Repeti-as aos vossos filhos.

Ou então que desmorone a vossa casa, que a doença vos entreve, que os vossos filhos vos virem a cara.”


O autor destas palavras é Primo Levi e o livro chama-se “Se Isto É Um Homem”. É o que hoje, em agosto de 2025, nos devemos perguntar todos os dias.

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Editorial do EXPRESSO 

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