Podemos hesitar nos substantivos, mas não mais do que isso. A resposta de Israel ao ataque bárbaro do Hamas era inevitável por tudo o que rodeou esse monstruoso momento. A recuperação dos reféns em cativeiro seria sempre feita até ao último nome, vivo ou morto. A guerra regional que se seguiu era menos evidente, sobretudo quando se estendeu ao Líbano, à Síria, ao Iémen ou ao Irão, mas compreensível para limitar ameaças futuras. A partir daqui começou o desastre, a tragédia ou a vergonha. Pode-se hesitar no substantivo, mas não mais do que isso.
Foi espantoso ver Donald Trump afirmar que há crianças a morrer à fome em Gaza e que isso não pode ser disfarçado. Sem rodeios nem patuá diplomático, o Presidente americano desmentiu e isolou Israel no seu delírio.
Em poucos dias, a decência diplomática francesa de reconhecer a Palestina passou de arrojo a obrigação. Londres já deu o passo seguinte. O Canadá idem. As chancelarias europeias vão segui-las inevitavelmente. A hesitação de Lisboa, mesmo com os avanços recentes, não tem defesa. Vai tarde, mas ainda a tempo de entrar no comboio dos que percebem que todas as linhas vermelhas da guerra foram ultrapassadas.
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