20 de maio de 2008

David Mourão-Ferreira

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

3 comentários:

antónio paiva disse...

...

um belo soneto sem dúvida.

(um exercício exorcisante)

abraço-Te amiga

Anónimo disse...

Bem verdade...
por vezes num segundo, tantos anos...

Carlos Gil disse...

dos mais belos que conheço.
(sabes que foi o meu post de encerramento do meu blogue anterior, O Vazio?)