1 de maio de 2008

Em Destaque




a fome é tanta,
que os olhos lhe caiem na sopa
o frio é tanto,
que a manta rota lhe parece um embuste
a dor é tanta,
que o sangue lhe verte das órbitas vazias
o abandono é tanto,
que se resigna à monotonia das insónias,
ouvindo noites a fio o barulho do relógio da torre,
marcando implacavelmente,
os segundos de uma morte em vida
a raiva é tanta que grita:
que sabeis vós poetas de circunstância?
que tanto cantais a vossa dor,
uma dor tantas vezes mentirosa




Autoria: António Paiva


2 comentários:

antónio paiva disse...

Olá Amiga,

grato pelo destaque.

Abraço.

Vanda Paz disse...

Um amigo muito querido que temos em comum.

Beijinho

Vanda Paz