O protagonista: Joe BidenO mais urgente, diante de uma tragédia entre povos, é a diplomacia entre eles. Para um dos secretários de Estado mais marcantes da política externa inglesa, apesar disso, a diplomacia é também o inverso da tragédia. “Não há nada de dramático nos sucessos de um diplomata. As vitórias são feitas de avanços microscópicos. Uma sugestão aqui, uma cordialidade ali. A sabedoria de conceder num momento, a perspicácia de persistir noutro. Um tato sempre desperto, uma calma inamovível e uma paciência que nenhuma provocação, jogatana ou golpe consiga perturbar” são as características que Salisbury elencava como essenciais para os estadistas dedicados às relações internacionais. Não é certo que Joe Biden tenha lido Salisbury, mas a sua escola é garantidamente a mesma. Apesar da sua viagem ao Médio Oriente ter tudo para correr mal ‒ com um encontro com a Autoridade Palestiniana cancelado com o Air Force One ainda no ar ‒, Biden cumpriu. Com 80 anos de idade, tem 50 de política externa no currículo e 40 de relação pessoal com Netanyahu para contrabalançar os ímpetos menos fiáveis do seu Governo. De Biden tivemos o que esperávamos e o que precisávamos, sem mudar uma vírgula. O direito à segurança e à defesa do Estado de Israel. E o direito à dignidade e à autodeterminação do povo palestiniano. O mínimo olímpico que, hoje em dia, merece medalha de ouro. A lição diplomática de Biden é a mais antiga de todas: para dar sapos a engolir é preciso engolir alguns. Salisbury teria dito de maneira diferente, mas provavelmente feito da mesma forma. Sebastião Bugalho Expresso |
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