31 de agosto de 2024

Assim vai o blogue


 

O jantar da saúde





















A minha comida caseira - é tudo saudável e fresco. 😊🍲🧂

Calculo o que perdi (poesia)

 


Às vezes, uma dor me desespera... 

Nestas ânsias e dúvidas em que ando. 

Cismo e padeço, neste outono, quando 

Calculo o que perdi na primavera.


Versos e amores sufoquei calando, 

Sem os gozar numa explosão sincera... 

Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera

 Mais viver, mais penar e amar cantando!


Sinto o que desperdicei na juventude; 

Choro, neste começo de velhice, 

Mártir da hipocrisia ou da virtude,


Os beijos que não tive por tolice, 

Por timidez o que sofrer não pude, 

E por pudor os versos que não disse!


Olavo Bilac 

in "Remorso"

Cadastro (Al Berto)














 



"Daqui ninguém sai sem cadastro " - Al Berto 

Foto de Cida Garcia 👈👈

Opinião (Terramoto)

 Fonte: DN  👈👈👈



A maneira inteligente

 


👏👏👏

Passaram 25 anos !

Recordo esse tempo emotivo (tinha ocorrido o massacre de Santa Cruz) e justo em que o povo timorense se tornou livre.
















A socialista Ana Gomes era há 25 anos a embaixadora de Portugal em Jacarta, na Indonésia e recorda o período complicado, mas decisivo, que levou à independência do povo timorense.
Ficou conhecida como uma das diplomatas mais defensoras da causa de Timor Leste.

Opiniões

No Observador 

Fotografia do Colunista
Miguel Pinheiro

Rodrigues dos Santos? Deviam ver o Jeremy Paxman

Perguntas repetidas 12 

vezes, referências à revista 

porno Horny Housewives,

"ameaças" e "piadas". A BBC 

avisa que as entrevistas a 

políticos não podem ser "moles". 

A ERC não sabe o que isso é.

Fotografia do Colunista
Alberto Gonçalves

O homem de Williams, Arizona

Em 2008, Barack Obama 

condenou os moradores 

das povoações que “odiavam 

os que não são iguais a eles”. 

A acusação recíproca é mais 

válida.

Fotografia do Colunista
Jaime Nogueira Pinto

Há 81 anos - A Outra batalha de Kursk

A “outra batalha de Kursk”, há 

81 anos, foi o momento decisivo 

da II Guerra — e também a 

maior batalha de blindados 

da História. Estaline e 

Hitler conheciam-se bem 

e eram agora inimigos 

mortais.

Fotografia do Colunista
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

"Pessoas que ministram"

A Ministra da Juventude é,

ideologicamente, uma 

bloquista presa a um corpo 

social-democrata, o que é 

uma disforia de género 

político.

Está boa, a praia







 

Se essa rua fosse minha












Se essa rua fosse minha

Eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas de brilhantes

Para o meu amor passar


Dentro dela tem um bosque

Que se chama solidão

No fim dele mora um anjo

Que roubou meu coração


Se eu roubei seu coração

É porque tu roubaste o meu também

Se eu roubei seu coração

É porque te quero, te quero bem


Te quero

*********

Há fontes que consideram esta cantiga como uma canção criada por um autor desconhecido em homenagem a Princesa Isabel (filha mais velha do Imperador D.Pedro II) - assinou a Lei Áurea - no século XIX.

A escravidão brasileira foi abolida em 1888 (ver Abolicionismo). O Brasil via os últimos tempos do Império.

Wikipédia 

Um anjo menino brinca (poesia)



"Dentro desta mulher 

um anjo menino brinca de ciranda na calçada 

e tem fome de futuro. 

Dentro desta mulher uma criança 

se debruça na janela vendo chegar o amor 

e se julga imortal.


Dentro desta mulher uma guerreira 

constrói sua vida depois de parir filhos para o mundo. 

Dentro desta mulher outra mulher 

enterra o seu amor perdido e mesmo assim espera.


(Dentro desta mulher o mistério das coisas 

finge dormir.)"


Lya Luft 

Canção em segredo

A sugestão de uma reza

 

No lado mais vulnerável da noite, onde me perco, sei que perto de um abismo se pode enlouquecer. Assumo o risco de cada improviso, desarmada perante as minhas próprias vertigens. Numa viagem interior, num recolhimento, regresso a mim própria, asfixiada pelos poros do tempo.

A sugestão de uma reza ajuda-me a aceitar o peso do vazio de cada instante exposto à promessa de uma aventura, para que eu não sucumba no lodo que me cerca. Unidas, as mãos preservam a feição das preces mais singelas, à espera que a vida passe sem melindrar o rosto das palavras. Intermitente, o coração procura no amor o batimento certo.


GRAÇA PIRES, 

in ANTÍGONA PASSOU POR AQUI 



30 de agosto de 2024

Respiro (poesia)


"Respiro o teu corpo: 

sabe a lua-de-água ao amanhecer, 

sabe a cal molhada, sabe a luz mordida, 

sabe a brisa nua, ao sangue dos rios, 

sabe a rosa louca, ao cair da noite 

sabe a pedra amarga, sabe à minha boca."


 Eugénio de Andrade

Em homenagem

 


Honra aos militares da GNR caídos ao serviço dos outros.

Pequeno excerto (opinião/ EXPRESSO)



***

O luxo não está em crise. Aleluia! É a grande indústria europeia que resta, agora que os chineses destronaram os carros alemães. O luxo não é um bem europeu. É francês e italiano. E suíço, se incluirmos os relógios. Mas, enfim, faz parte do que resta à Europa que não tem Silicon Valleys. E, contudo, Bernard Arnault, da LVMH (a holding com Louis Vuitton), é o homem mais rico do mundo. Ou o segundo. Tem dias. Ao contrário de Elon Musk, que quer ir a Marte e colocar chips nas cabeças de humanos, Arnault limita-se a fazer artigos que existem há centenas de anos, como malas, roupa, vinhos ou perfumes. Uma boa parte do insaciável desejo pelos seus produtos de luxo vem de países que estão a sair da pobreza ou de pessoas que ascenderam socialmente e que dão um desmedido valor simbólico de status a estes bens, agora que os podem comprar. Desconhecem os truques velhos destas marcas: um dos seus produtos tem de parecer inacessível, impossível de conseguir. O caso mais paradigmático é o da Birkin, a mala que a Hermès fez com o nome da cantora inglesa Jane Birkin.

***


Já ouvi isto...

A cada um conforme as suas necessidades...


A frase tem outra premissa (de cada um ...) e é de origem anarco/comunista, com o pressuposto de que a produção é suficiente para a procura. 

Em teoria é bonita, levada à prática justa nunca vi.

Em todas as sociedades, que eu saiba, há quem tenha privilégios.

Simplicidade


 "A simplicidade é o último degrau da sabedoria."


KHALIL GIBRAN

Capas de revistas




 

Opiniões

 No Observador 

Fotografia do Colunista
João Pires da Cruz

Os pobres que paguem a crise

Quando cobramos mais 

impostos aos mais ricos e 

menos aos mais pobres 

estamos a cair num erro. 

Na verdade, estamos a 

cobrar o mesmo imposto 

aos dois, porque ser rico 

é a capacidade de fazer 

trocas.

Fotografia do Colunista
Eva Delgado-Martins

Recuso-me a desistir dos meus filhos

Todas as mães e pais que 

não têm consigo os filhos 

nunca desistam deles, nunca 

desistam de lutar por filhos 

que são vítimas de alienação.

Fotografia do Colunista
António Alvim

Chumbo do orçamento? Há uma terceira solução

Defende-se como a melhor 

solução para os portugueses, 

caso o orçamento não passe, 

um governo de coligação 

que garanta o apoio 

maioritário na AR e 

possibilite uma agenda 

reformista.

Fotografia do Colunista
Sara Velho Meirinhos

É hora de falar claro em Saúde em Portugal 

Os  recursos humanos e 

materiais não são ilimitados 

e, à data de hoje, não é  

possível manter as múltiplas 

urgências polivalentes com 

todas as áreas em  

permanência de 24 horas.

só aquela gota de água


                   São as mulheres que

fazem chorar as cebolas

como se descascassem a própria vida

e, arredondando-se então, descobrissem

um corpo, o seu

uma vida, a sua

e, no entanto, nada que de verdade

pudessem seu chamar

ou talvez sim, mas só

aquela gota de água salpicando

um canto do avental onde

desponta uma flor de pano colorida que

ainda ontem ali não ardia



Benédicte Houart

Bénédicte Houart (Bélgica, 1968) foi docente de Estética na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Vive actualmente em Coimbra, onde se dedica à escrita e à tradução. 

Vinicius, sempre !


***

Porque hoje é Sábado, 

desejarei ser de novo jovem e tremer, como outrora, à idéia de encontrar a mulher casada, de pés de açucena; desejarei ser jovem e olhar, como outrora, meus bícepes fortes diante do espelho...


Porque hoje é Sábado, 

desejarei estar num trem indo de Oxford para Londres, e à passagem da estação de Reading lembrar-me de Oscar Wilde, a escrever na prisão que o homem mata tudo o que ele ama...


Porque hoje é Sábado, 

desejarei estar de novo num botequim do Leblon, com meu amigo Rubem Braga, ambos negros de sol e com os cabelos, ai, sem brancores; desejarei ser de novo moreno de sol e de amores, eu e meu amigo Rubem Braga, pelas calçadas luminosas da praia atlântica, a pele salgada de mar e de saliva de mulher, ai...


Porque hoje é Sábado, 

desejarei receber uma carta súbita, contendo sobre uma folha de papel de linho azul a marca em batom de uns grossos lábios femininos, e ver carimbado no timbre o nome Florença...


Porque hoje é Sábado, 

desejarei que a lua nasça em castidade, e que eu a olhe no céu por longos momentos, e que ela me olhe também com seus grandes olhos brancos cheios de segredo...


Porque hoje é Sábado, 

desejarei escrever novamente o poema sobre o dia de hoje, sentindo a antiga perplexidade diante da palavra escrita

***

Vinicius de Moraes 

Ando pelas ruas (poesia)



Ando pelas ruas desta incerta cidade.

Deixo que o meu olhar

se ajuste ao olhar dos outros.

Entre ruas e rostos há fragmentos de solidão

que denunciam a trágica expressão da vida.

Todos conhecem a oralidade da mudez,

a vigília da revolta, a senha do desdém,

a estranheza de golpes imolando os sonhos.

Eu, com uma fala colada na língua,

somente me consinto

a áspera caligrafia do silêncio.


Graça Pires

Uma claridade que cega

Ver o mar (poesia)



Um homem morreu sem ver o mar.

Agora na sua aldeia

os barcos sobrevoam as casas.

Os meninos vestem-se de marinheiros

à espera que qualquer barco

encalhe à sua porta.


Graça Pires

A solidão é como o vento, 2020

29 de agosto de 2024

E agora, Maria ?

     

            Alice Ruiz

                         E agora, Maria?

O amor acabou

a filha casou

o filho mudou

teu homem foi pra vida

que tudo cria

a fantasia

que você sonhou

apagou

à luz do dia

E agora, Maria?

vai com as outras

vai viver

com a hipocondria



Prémio Jabuti   de poesia de 1989, 

Prémio Jabuti de poesia de 2009