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E o velho abade, lívido de espanto,
Exclamou afinal:
Há em toda a miséria o mesmo pranto,
E em todo o coração há um grito igual.
Deus semeou de almas o universo todo.
Tudo o que existe é imaculado e é santo!
Tudo que o vive ri e canta e chora...
Tudo foi feito com o mesmo lodo,
Purificado com a mesma aurora.
Ó mistério sagrado da existência,
Só hoje te adivinho,
Ao ver que a alma tem a mesma essência
Pela dor, pelo amor, pela inocência,
Quer guarde um berço, quer proteja um ninho!
Só hoje sei que em toda a criatura,
Desde a mais bela até à mais impura,
Ou numa pomba ou numa fera brava,
Deus habita, Deus sonha, Deus murmura!...
Ah, Deus é bem maior do que eu julgava!...
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GUERRA JUNQUEIRO
A Velhice do Padre Eterno
(1885)
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