22 de setembro de 2024

Namora-me (poesia)














Namora-me,

olha que o vento deixou de soprar

e que os nossos olhos

se apearam fora da estação.


Namora-me

como fazem as urzes

e as estevas,

como faz o lírio,

a oitava musical,

ou o azul

quando rouba o verde ao mar.


Há um lago,

uma noite,

uma mão esquecida da minha,

um poema,

um soluço,

um rio que aperta a foz.


Namora-me,

traz uma porção reticulada de chão,

um destino cravado de pontos cardeais,

um jardim de palavras incandescentes.


Namora-me no preâmbulo do teu amor.

Namora-me antes que me ames.


Francisco Valverde Arsénio

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