Durante a II Guerra Mundial, confrontado, pelos Aliados com a sensibilidade necessária para lidar com o Vaticano, durante a invasão da Itália, Estaline perguntou (retorica e ironicamente): “De quantas divisões dispõe o Papa?” Estaline, como todos os tiranos, não compreendia as razões morais mas, apenas, as razões da força. Donald Trump argumentou ontem que os ganhos territoriais da Rússia, na Ucrânia, já lhe dão, à partida, uma posição de força em qualquer negociação. Trump (e não apenas por esta tirada) revela a mentalidade do tirano típico. Ora, se antes os impérios procuravam a riqueza económica mediante a conquista territorial e a subjugação dos povos (sob os impostos ou a escravidão), hoje, o império americano, pode conquistar o mesmo sem disparar um tiro e sem perder uma única vida. Pode e, pelos vistos, quer. A imposição de tarifas substitui a guerra no terreno. E não vale a pena aos líderes europeus continuarem a contar com a parceria americana: Trump só compreende a linguagem da força – neste caso, e por enquanto, a força económica, como se vê pelo projeto predador neocolonialista dos recursos ucranianos. Ao instar os aliados da NATO a aumentarem o investimento na Defesa, Trump espera ganhar em dois tabuleiros: reduz a sua própria contribuição e permite ao complexo industrial americano ganhar muito mais dinheiro.
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