Vou correr. Correr e levar para longe
os meus dias e os meus lugares.
Correr para espalhar a memória contra o vento.
Para tatuar a vida no horizonte.
Para não morrer de silêncio.
Vou correr. Correr e levar para longe
as perdas e o desespero. A saudade e o peso
da estrada. As palavras e as flores.
Vou correr até à dor dos ossos.
Até aos pés feridos.
Até ao sangue das lágrimas.
Vou correr até à solidão mais pura.
VIRGÍNIA DO CARMO,
in A MENINA QUE APRENDEU A MATAR CENTOPEIAS E OUTROS POEMAS
(Poética, 2023)
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