25 de julho de 2024

ATÉ À SOLIDÃO MAIS PURA (poesia)

 


Vou correr. Correr e levar para longe 

os meus dias e os meus lugares. 

Correr para espalhar a memória contra o vento. 

Para tatuar a vida no horizonte. 

Para não morrer de silêncio.


Vou correr. Correr e levar para longe 

as perdas e o desespero. A saudade e o peso 

da estrada. As palavras e as flores.


Vou correr até à dor dos ossos.

Até aos pés feridos.

Até ao sangue das lágrimas.

Vou correr até à solidão mais pura.


VIRGÍNIA DO CARMO, 

in A MENINA QUE APRENDEU A MATAR CENTOPEIAS E OUTROS POEMAS 

(Poética, 2023)

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