Os Prestígios Simples
Conheço as palavras das árvores, as voluptuosas têmporas das pedras. Toda a minha vida é um sono de árvores
Vivo oscilando como uma simples coisa na paz do espaço. Não pergunto às folhas onde o país unânime. Sou uma chama do ar.
Oscilo na folhagem. Vibro entre mãos aéreas sobre os sulcos dos insectos. Amo os simples prestígios, os percursos leves, as sombras verdes.
Esta é a minha casa de pedras e de sol. Esta é a minha firmeza suave, minha alegria nova.
Estou no meio do vento, sou uma haste solitária. Bebo as sombras que deslizam numa volúpia aérea.
Dispo-me e sou um tronco, ou um ramo, uma figura da terra.
Adormeço e desperto para o júbilo do mar.
A boca encontra o seio da primeira harmonia.
António Ramos Rosa
in "Volante Verde"
Nota: o título deste post é verso do mesmo autor. (poema O Obscuro).
Sem comentários:
Enviar um comentário