OPINIÃO
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E assim, na ignorância prosperou a desinformação, na desonestidade do método banalizou-se a mentira e mesmo a inutilidade de distingui-la da verdade, os factos foram substituídos por “impressões” (como a “impressão” sobre a corrupção, que se sobrepõe aos dados sobre a corrupção), e quando um iluminado lobo solitário expõe as suas simples e radicais ideias para a salvação da pátria ou do mundo, o atento algoritmo multiplica-a por uns milhares de bots, fazendo-a parte de uma multidão fantasma de concordantes. Tudo desaguando num orgulho impensável na ignorância e na boçalidade intelectual, a par de um indisfarçável desprezo, quando não ódio, pelos que insistem em informar-se e pensar pela própria cabeça — vistos por este novo lúmpen proletariado como a elite a abater.
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Miguel Sousa Tavares
Expresso
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