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Porque hoje é Sábado,
desejarei ser de novo jovem e tremer, como outrora, à idéia de encontrar a mulher casada, de pés de açucena; desejarei ser jovem e olhar, como outrora, meus bícepes fortes diante do espelho...
Porque hoje é Sábado,
desejarei estar num trem indo de Oxford para Londres, e à passagem da estação de Reading lembrar-me de Oscar Wilde, a escrever na prisão que o homem mata tudo o que ele ama...
Porque hoje é Sábado,
desejarei estar de novo num botequim do Leblon, com meu amigo Rubem Braga, ambos negros de sol e com os cabelos, ai, sem brancores; desejarei ser de novo moreno de sol e de amores, eu e meu amigo Rubem Braga, pelas calçadas luminosas da praia atlântica, a pele salgada de mar e de saliva de mulher, ai...
Porque hoje é Sábado,
desejarei receber uma carta súbita, contendo sobre uma folha de papel de linho azul a marca em batom de uns grossos lábios femininos, e ver carimbado no timbre o nome Florença...
Porque hoje é Sábado,
desejarei que a lua nasça em castidade, e que eu a olhe no céu por longos momentos, e que ela me olhe também com seus grandes olhos brancos cheios de segredo...
Porque hoje é Sábado,
desejarei escrever novamente o poema sobre o dia de hoje, sentindo a antiga perplexidade diante da palavra escrita
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Vinicius de Moraes
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