3 de novembro de 2024

Poema de Fernanda de Castro

 Já Não Vivo, Só Penso




Já não vivo, só penso. 

E o pensamento é uma teia confusa, complicada, 

uma renda subtil feita de nada: 

de nuvens, de crepúsculos, de vento.


Tudo é silêncio. O arco-iris é cinzento, 

e eu cada vez mais vaga, mais alheada.

 Percorro o céu e a terra aqui sentada,

 sem uma voz, um olhar, um movimento.


Terei morrido já sem o saber? 

Seria bom mas não, não pode ser, 

ainda me sinto presa por mil laços,


ainda sinto na pele o sol e a lua, 

ouço a chuva cair na minha rua,

e a vida ainda me aperta nos seus braços.


Fernanda de Castro

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