1 de janeiro de 2025

Adília - Mulher

 Doméstica e feminina 


Era uma vez uma mulher que tão depressa era feia como era bonita.

Quando era bonita, as pessoas diziam-lhe:

- Eu amo-te.

E iam com ela para a cama e para a mesa.

Quando era feia, as mesmas pessoas diziam-lhe:

- Não gosto de ti.


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⁠A minha poesia é uma epopeia da vida menor.

Não é a descoberta do caminho marítimo 

para a Índia. É o caminho do corredor 

de minha casa entre a sala onde escrevo e leio 

e a cozinha. É doméstica. É feminina.


Adília Lopes

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