A Spinumviva é um ativo tóxico, o primeiro-ministro foi de uma leviandade incompreensível e embrulhou-se nas explicações sobre a empresa que nunca devia ter mantido na sua esfera quando voltou à política, e a fuga para a frente da moção de confiança é uma mera saída de emergência. Se perder as eleições, Montenegro cai. Se as ganhar, continua, mas a mancha fica, e o estado de degradação a que se chegou nas relações entre os dois maiores partidos, além de ser uma das mais graves sequelas desta crise, pode empurrá-lo para um beco sem saída. Não é líquido que, perdendo por pouco, Pedro Nuno Santos caia. Se não cair, não voltará a segurar Montenegro. Se cair, quem vier pode tentar recuperar os laços PS/PSD que o combate à extrema direita recomenda – a declaração de voto de Fernando Medina, ontem, no chumbo da moção de confiança do Governo da AD, é um sinal – mas aí, quem suceder a Luis Montenegro no PSD, seja Carlos Moedas, seja Pedro Passos Coelho, mais facilmente se vira para a gorda maioria à direita do que para um reatar de laços ao centro. É possível que a Spinumviva fique para a história por, depois dela, nada ser como dantes.
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