Vila do Conde espraiada
Entre pinhais rio e mar…
Lembra-me Vila do Conde
Já me ponho a suspirar.
Vento norte, ai vento norte,
Ventinho da beira-mar
Vento de Vila do Conde,
Que é a minha terra natal!
Nenhum remédio me vale
Se me não vens cá buscar
Vento norte, ai vento norte,
Que em sonhos sinto a soprar.
Vila do Conde espraiada
Entre pinhais rio e mar…
Lembra-me Vila do Conde
Já me ponho a suspirar.
Bom cheirinho dos pinheiros,
Sei de um que quase te vale!
É o cheiro da maresia,
- Sargaços, névoas e sal -
A que cheira toda a Vila
Nas manhãs de temporal!
Ai mar de Vila do Conde,
Ai mar dos mares, meu mar!
Se me não vens cá buscar,
Nenhum remédio me vale,
Nenhum remédio me vale,
Nem chega a remediar.
Abria de manhãzinha,
As vidraças de par em par.
Entrava o mar no meu quarto
Só pelo cheiro do ar.
Ia à praia e via a espuma
Rolando pelo areal,
Espuma verde e amarela
Da noite de temporal!
Empurrado pelo vento,
Que em sonhos ouço ventar.
Ia à praia e via a espuma
Pelo areal a rolar.
Vila do Conde espraiada
Entre pinhais rio e mar…
Lembra-me Vila do Conde
Já me ponho a suspirar.
Lembranças da minha terra
Da minha terra natal
Nenhum remédio me vale
Se me não vindes buscar
***
José Régio
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