23 de março de 2025

Vila do Conde













Vila do Conde espraiada

Entre pinhais rio e mar…

Lembra-me Vila do Conde

Já me ponho a suspirar.

 

Vento norte, ai vento norte,

Ventinho da beira-mar

Vento de Vila do Conde,

Que é a minha terra natal!

Nenhum remédio me vale

Se me não vens cá buscar

Vento norte, ai vento norte,

Que em sonhos sinto a soprar.

 
Vila do Conde espraiada

Entre pinhais rio e mar…

Lembra-me Vila do Conde

Já me ponho a suspirar.

 

Bom cheirinho dos pinheiros,

Sei de um que quase te vale!

É o cheiro da maresia,

- Sargaços, névoas e sal -

A que cheira toda a Vila

Nas manhãs de temporal!

Ai mar de Vila do Conde,

Ai mar dos mares, meu mar!

Se me não vens cá buscar,

Nenhum remédio me vale,

Nenhum remédio me vale,

Nem chega a remediar.

 

Abria de manhãzinha,

As vidraças de par em par.

Entrava o mar no meu quarto

Só pelo cheiro do ar.

Ia à praia e via a espuma

Rolando pelo areal,

Espuma verde e amarela

Da noite de temporal!

Empurrado pelo vento,

Que em sonhos ouço ventar.

Ia à praia e via a espuma

Pelo areal a rolar.

 
Vila do Conde espraiada

Entre pinhais rio e mar…

Lembra-me Vila do Conde

Já me ponho a suspirar.

 
Lembranças da minha terra

Da minha terra natal

Nenhum remédio me vale

Se me não vindes buscar

***


 

José Régio

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