Bastou aquele gesto
Da tua mão tocar tão docemente a minha
Pra nascerem raízes
Que me prendem à terra e me alimentam
Nas horas mais vazias
Bastou aquele olhar
- O teu olhar tão brando,
prolongando-se um pouco sobre o meu
Para iluminar as noites
em que a lua se esconde
E a escuridão envolve
um mundo sem sentido.
Bastou esse teu jeito de sorrir,
Um sorriso em que vejo
despontar a confiança
Na vida não vivida,
nas emoções ainda não sentidas,
Nos passos que ressoam noutros passos
Bastaste tu.
Maria Eugénia Cunhal
in 'Silêncio de Vidro'
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