20 de outubro de 2024

António Ramos Rosa

 



É por Ti que Vivo


Amo o teu túmido candor de astro 

a tua pura integridade delicada 

a tua permanente adolescência de segredo 

a tua fragilidade acesa sempre altiva


Por ti eu sou a leve segurança 

de um peito que pulsa e canta a sua chama 

que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro

 ou à chuva das tuas pétalas de prata


Se guardo algum tesouro não o prendo 

porque quero oferecer-te a paz de um sonho

aberto que dure e flua nas tuas veias lentas 

e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar


Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva

para que sintas a verde frescura de um pomar

de brancas cortesias porque é por ti que vivo 

é por ti que nasço porque amo o ouro vivo do teu rosto


António Ramos Rosa,

 in 'O Teu Rosto'

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