Arquivo VISÃO (Sara Belo Luís)
Recuperamos o ensaio Salazar contra a Coca-Cola: |
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A proibição de se vender Coca-Cola em Portugal, durante o Estado Novo, e a aversão de Salazar à “água suja do imperialismo”:
“Estremeço perante a ideia”, assinado pelo historiador José Freire Antunes, desaparecido em 2015. |
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Freire Antunes, porém, acrescenta ainda outros motivos de natureza, digamos, culturais: “A resistência de Salazar alicerçava-se, sobretudo, na sua atitude fundamental – uma mescla de nacionalismo fanático e de culto da penúria orgulhosa – que contraria as profundas lendas da ‘historiografia’ marxista sobre a permeabilidade ao domínio económico estrangeiro.” Na opinião de Freire Antunes, Salazar entendia bem o expansionismo político dos EUA através de empresas como a Coca-Cola. Tudo o que viesse do outro lado do Atlântico constituía uma ameaça ao nacionalismo lusitano e, por isso, era vetado. O primeiro secretário da embaixada norte-americana, Joseph Jova, terá chegado a escrever, em telegrama para Washington, que seria “um erro político” acreditar na mudança do pensamento político de Salazar. Veja-se ainda outro exemplo: quando a cadeia Hilton apresentou um projeto de construção de um hotel de luxo na Rua Castilho, Salazar chamou o banqueiro Ricardo Espírito Santo, o qual ficou possesso com a ousadia. “É uma vergonha terem de vir os norte-americanos construir um hotel! Será que os nossos empresários não têm capacidade para isso?”. E foi, por fim, em consequência disto que, em Lisboa, se começou a fazer o hotel Ritz, sob o traço modernista do arquiteto Porfírio Pardal Monteiro. Consta que, quando o Ritz ficou pronto, Salazar não quis estar presente na inauguração e apenas o admirou de longe. Comentário que dispensa, julgamos, demais explicações: “Parece uma telefonia!” |
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Hotel Ritz
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