2 de outubro de 2024

Do Brasil, outro poeta


Felicito-me a mim mesmo por ser transitório.

Sempre tive medo da eternidade, esse grande cão obscuro que me farejava as pernas e me seguia sem morder.

Aguardando a morte como quem espera uma carta trazida por um estafeta divino, nada tenho para as festas do dia seguinte. Toda a minha vida foi este esperar sem fim.

Entre o sono e o mar total, na paisagem celeste, soltei minha pandorga.

Vi o farol da minha terra, e minha infância inteira estirada em cem léguas diante do mar.

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