8 de novembro de 2024

América - Outra opinião

 Recorte de Imprensa 

Ainda se contam votos, mas uma coisa é certa: Trump regressa em grande à Casa Branca. Assim, com uma vitória inequívoca sobre a atual Vice-Presidente, Kamala Harris, e com uma maioria no Congresso à vista, Trump tornar-se-á no Presidente mais velho da história dos Estados Unidos da América (EUA), no primeiro a assumir o cargo enquanto criminoso condenado e, sobretudo, numa grande dor de cabeça para a Europa. Saberemos como lidar?

Com base nas reações deste lado do Atlântico, não. Parece mesmo verificar-se uma certa incompreensão dos europeus face às escolhas dos americanos (e não me refiro apenas ao tamanho do café). A grandeza americana fascina-nos – é certo –, mas não compreendemos o seu estilo de vida, nem como organizam as suas cidades, ou o seu sistema social. E, não sendo certo que Trump vencesse a eleição presidencial da passada terça-feira – as sondagens e estudos de opinião indicavam que qualquer um poderia vencer –, claramente não compreendemos como possa ter ganho, apesar de expectável. Talvez não ganhasse na Europa, mas os EUA não são a Europa – por muito que nos custe entender.

Existem valores partilhados entre os dois lados do Atlântico, no entanto, nem por sermos aliados somos idênticos. Custa-nos verdadeiramente perceber que assim seja – e, em parte, é compreensível, pois é uma realidade distante. Todavia, efetivamente, temos identidades culturais e formas de pensar distintas. Por um lado, os americanos são bastante pragmáticos – e assertivos, é claro. Por outro, nós, europeus, eternos sonhadores, vemo-nos frequentemente atarantados no nosso intelectualismo e ingenuidade. Sonhemos, até porque a promoção da paz, dos valores europeus e do bem-estar dos cidadãos deve ser prioridade na nossa agenda, sempre. Mas que não o façamos de olhos fechados.

Recordo-me de um diálogo intrigante que tive quando cheguei a Washington, no início do mandato do Presidente Biden. Então, perante uma certa estupefação da minha parte, o diplomata sénior que acabara de conhecer declarou: “Bem-vindo à América. Aqui, ‘money talks and bullshit walks’”. No momento, chocou-me, confesso, mas aprendi uma valiosa lição: podem até existir pontos em comum, mas as prioridades são outras e as regras do jogo totalmente diferentes. 

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Tiago Gaspar 

No EXPRESSO  👈👈


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