"quero escrever-me de homens
quero calçar-me de terra
quero ser a estrada marinha que prossegue depois do último caminho
e quando ficar sem mim não terei escrito senão por vós irmãos de um sonho por vós que não sereis derrotados
deixo-vos
a paciência dos rios
a idade dos livros que não se desfolham
mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me às vezes viver
hei de inventar
um verso que vos faça justiça
por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho
basta-me saber que morreis demasiado por viverdes de menos mas que permaneceis sem preço
companheiros."
Mia Couto
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