Dentro do meu caderno
há uma pena branca
de palavras e gestos cansados
de inocência a prazo ao longo do tempo.
Dentro do meu caderno
há mensagens desamparadas como os dedos verdes das estrelas
ora inquietas no mar incerto ora plácidas no mar sereno.
Sempre assim foi no meu caderno
de menino criador de silêncios nos desertos de um poema.
A beleza nua embriagada de mel
nasce dentro do meu caderno
sobre as águas de um mar de ouro do sol poente.
Do azul do mar fiz um barco pintado de sonhos
e na sua cama infinita perdi o respeito pelo silêncio do teu corpo.
Dentro do meu caderno
cai a chuva no cristal do pensamento
alheio aos nossos corpos e nossos mundos.
Dentro do meu caderno
Para que servem músicas se não sabemos cantar?
Caiam as folhas secas e nasçam flores brancas
onde a nudez se veste de palavras e gestos esgotados.
Adão Cruz
Sem comentários:
Enviar um comentário