Não, não tenho certezas. 
Se era esse o canto que vos atraía, 
Deixai-me só nesta melancolia 
De baixo, aberto e liso descampado
Quero viver, quero morrer, e quero 
Que ao fim a soma seja um grande zero 
Do tamanho da ardósia... 
E apagado.
Mas são desejos da fisiologia... 
Vagas aspirações do dia-a-dia 
Duma bilha de barro 
Que não vale um cigarro 
Que se fuma. 
Não, não tenho certezas;
Tenho bruma.
Miguel Torga, in Diário V


 
 
 
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