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A afirmação de um deputado de que ” se a polícia atirasse a matar, o País estava em ordem” deve ser analisada sem emotividade e dissecada por aquilo que representa. Trata-se de uma visão que resume bem o programa político da força partidária a que o deputado pertence. Isso, sem dúvida. Mas revela, também, uma manifestação pessoal e intransmissível, quase comovente, na sua sinceridade, de boçalidade no estado puro. O grande líder, André Ventura, um papa-hóstias que bate com a mão no peito invocando Nossa Senhora de Fátima - e que ontem no canal Now, se considerou um cristão "de corpo inteiro"... - revela, por seu turno, total impiedade e falta de empatia cristã para com o seu semelhante – a menos que este vista uma farda. E os cortesãos de Ventura, tornados importantes (e sentindo-se gratos...) por se poderem sentar no hemiciclo "dos tachos", aplaudem alarvemente cada ataque à nossa civilização e, sim, ao nosso modo de vida, que impede que se dispare a matar, exceto em condições excecionais. E mesmo nessas, a lei exige um inquérito que comprove, para lá de qualquer dúvida, que a medida extrema foi exercida conforme as regras, nomeadamente, em legítima defesa ou para defender a vida de terceiros.
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Filipe Luís
Visão do Dia
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