31 de outubro de 2024

Infância. (poesia)



Coração preto gravado no muro amarelo.

A chuva fina pingando... pingando das árvores...

Um regador de bruços no canteiro.


Barquinhos de papel na água suja das sarjetas...

Baú de folha-de-flandres da avó no quarto de dormir.

Réstias de luz no capote preto do pai.

Maçã verde no prato.


Um peixe de azebre morrendo... morrendo, em

dezembro.

E a tarde exibindo os seus

Girassóis, aos bois.


Manuel de Barros 

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