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A primeira coisa a constatar é que em todas as questões de política externa em que já tocou — as tarifas ao mundo inteiro, o Canadá, a Gronelândia, a faixa de Gaza ou a Ucrânia — ele (Trump) avança como um bulldozer, apresentando soluções e pretensões que, apesar de absolutamente insólitas e agressivas, são prudentemente levadas em conta e suavemente contestadas pelas potenciais vítimas de tais ideias. Até o Hamas pia baixinho quando ele se propõe “tomar conta” de Gaza e redesenhar o mapa da Palestina sem palestinianos! É a estratégia da ameaça e da intimidação, de quem nada se importa em ofender amigos ou perder aliados. Na tal expedição punitiva que enviou à Europa no final da semana passada, o exemplo acabado desta política externa, chamemos-lhe assim, foi o discurso insultuoso que o fedelho presumido J. D. Vance dirigiu aos líderes europeus sentados à sua frente e, por extensão, a todos os europeus, tendo suscitado apenas uma tímida reacção do chanceler Scholz, que, por acaso, está de saída. De resto, passando também por Pete Hegseth, secretário da Defesa, e Keith Kellogg, enviado especial para a Ucrânia, a Casa Branca fez questão de deixar bem claro o desprezo a que vota a Europa e os seus líderes. Do ponto de vista americano, nas conversações de paz para a guerra da Ucrânia, não só os ucranianos não fazem falta à partida, como os europeus não têm nada a ver com o assunto: como explicou Kellogg, podem dar sugestões desde que não venham com queixinhas por não terem lugar à mesa.
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