4 de outubro de 2024

De Chico Buarque



"Não se afobe, não 

Que nada é pra já 

O amor não tem pressa 

Ele pode esperar em silêncio 

Num fundo de armário 

Na posta-restante 

Milênios, milênios 

No ar


E quem sabe, então O Rio será 

Alguma cidade submersa 

Os escafandristas virão 

Explorar sua casa 

Seu quarto, suas coisas

Sua alma, desvãos


Sábios em vão 

Tentarão decifrar 

O eco de antigas palavras 

Fragmentos de cartas, poemas 

Mentiras, retratos 

Vestígios de estranha civilização


Não se afobe, não 

Que nada é pra já 

Amores serão sempre amáveis 

Futuros amantes, quiçá 

Se amarão sem saber 

Com o amor que eu um dia

Deixei pra você."


Futuros amantes 

de Chico Buarque

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